domingo, 5 de junho de 2011

Irreverência e criatividade marcam protesto em praça

Teatro foi encenado no meio da praça ilustrando nascimento e morte do coreto

Artista com cartaz ontem durante manifestação que marcou um mês da demolição do coreto da Athos Fragata. - Foto: Eduardo Marques



Dez atores protagonizaram ontem uma manifestação irreverente para marcar o primeiro mês da demolição do coreto da praça Athos Fragata, na avenida Tiradentes. Lideranças da cidade, como membros da Umes (União Mariliense dos Estudantes Secundaristas) e UJS (União Jovem Socialista) acompanharam a manifestação.
“A intervenção artística visou mostrar que o patrimônio histórico e cultural precisa ser preservado e não destruído”, disse o ator Márcio Martins.
Artistas protagonizaram um teatro mambembe com instrumentos musicais e lembraram outros prédios históricos de Marília que não foram preservados. Citaram durante a performance exemplos como o antigo prédio da Câmara de Marília, o complexo das indústrias Matarazzo, o Cine Pedutti, o primeiro sobrado de alvenaria de Marília na rua Dom Pedro, prédio da primeira rodoviária entre outros da cidade (tida como a 1ª rodoviária do país) e até o extinto chalé de madeira da rua Sargento Ananias.
“O mesmo rumo está tomando a estação ferroviária, atualmente abandonada”, disse Martins.
Para o estudante universitário Luciano Cruz, integrante do Fórum Social de Marília, que colaborou na organização do manifesto, locais como o coreto da Athos Fragata poderiam ser otimizados com atividades culturais e educativas.
“Seria uma alternativa mais eficaz e muito mais inteligente do que simplesmente optar pela destruição do local”.
Atualmente Marília possui apenas um coreto, localizado na praça São Miguel. Ainda durante a performance, cada um dos atores interpretou uma frase alusiva ao surgimento e desaparecimento do coreto.
Projetado pelo arquiteto Miguel de Souza e Silva, colega de turma de Oscar Niemeyer (atualmente com 103 anos de idade), na Escola Nacional de Belas Artes, o coreto da Fragata foi demolido pela prefeitura no dia 29 de abril passado. A destruição teve apoio de um abaixo assinado de vizinhos que reclamavam da presença de andarilhos na praça.




Filho de arquiteto lamenta

O filho de Miguel Souza e Silva, o também arquiteto Miguel de Sampaio Souza e Silva, esteve presente no ato e lamentou que a cidade vem perdendo suas referências históricas.
O coreto foi construído na década de 1960, quando o engenheiro civil Armando Biava era prefeito de Marília. Na época, o arquiteto responsável pela construção do coreto ocupava a função de secretário municipal de Obras Públicas.
O aposentado José Teixeira, 80, disse que sente falta do coreto. Há três décadas ele utiliza o ponto de ônibus localizado no bolsão da praça Athos Fragata.
“A gente via andarilhos por lá, mas acho que não deveriam ter destruído o coreto. Faz falta para a praça um coreto”, comenta.
O funcionário público Sérgio Paglione, 36, “A praça ficava mais bonita com o coreto, mas de uma hora para outra houve a demolição. Fiquei sem entender o que houve”, afirma.

Fonte: Jornal Diário

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